Reservas
(Chamada para a
rede fixa nacional)
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Terra de fronteiras a região do rio Maior foi também, desde sempre, terra de passagem: de norte para sul, do interior para o litoral. Mas foi também terra de fixação de vários povos e múltiplas culturas. A arqueologia tem-nos revelado parcelas importantes dessa fixação destacando-se artefactos de diferentes períodos da pré-história, com destaque para o paleolítico superior (25.000 b.p. Vale de Óbidos) e neolítico (5.000 b.p. Anta de Alcobertas), mas também as presenças romana e árabe, aquelas que no fundo nos deixaram melhores e mais marcantes testemunhos.
A opção pela fixação está ligada às condições naturais que a região oferecia: a exploração mineira e a produção de cereais, vertentes principais do fluxos de homens e capitais que constituem a matriz riomaiorense. A Villa Romana, casa típica de rico mercador, implantada à beira do rio no início do séc. III, constitui o núcleo a partir do qual se estrutura a aldeia, a vila e hoje cidade de Rio Maior. Depois, a presença moçárabe, mais nítida nos Silos e Forno Cerâmico, na freguesia de Alcobertas, espelha a profundidade das ligações que ambas as civilizações, tão diferentes e distantes no tempo, foram capazes de imprimir no território.
Aquando da fundação da nacionalidade a região aparece disputada por vários poderes, desde a Ordem Militar dos Templários (1146) à Ordem Monástica de Alcobaça (1153), passando pela autoridade Régia e, sobretudo, a Municipal. É esta última que marca sobremaneira o viver quotidiano das gentes riomaiorenses, primeiro por ser Termo da Vila de Santarém, depois por passar a pertencer ao concelho de Azambujeira instituído em 1633; finalmente quando a vila se constitui, ela mesma, em concelho.
É ainda da Alta Idade Média a primeira referência à terra e à região, num documento de venda de um talho das salinas, actual ex-libris do concelho. Trata-se de uma carta de «Doacom de falinas ? Rio mayor», assim se intitula o documento, que regista a transação - de um particular para a Ordem do Templo - realizada em 1177. Desde então, e até hoje, muitos foram os seus titulares e muito trabalho de agricultores, tornados marinheiros, têm sustentado safras sazonais que, de Abril a Setembro, cobrem de branco a terra parda com a antiquíssima e artesanal arte.
Temos notícia da passagem e estada de D. Fernando, rei de Portugal [3], e de D. Pedro, duque de Coimbra, regente do reino, a caminho da batalha de Alfarrobeira (1449) às portas de Lisboa, onde viria a falecer. Os impulsos destas estadas régias numa aldeia de tão pequenas dimensões repercutem-se de imediato e trazem ao burgo mais gente e mais movimento nesta encruzilhada de caminhos. O Numeramento de 1527, primeiro 'censo' da nação, dá cerca de uma centena de vizinhos, o que não deixa de ser significativo. Cem anos depois, em 1619, continuamos a ver esse crescimento traduzido agora pela fundação de uma albergaria régia.
As guerras da Restauração (1640-1667) que se seguem à expulsão dos representantes de Filipe III distinguem o capitão de ordenanças João de Saldanha e Sousa, antepassado dos Condes de Rio Maior, e permitem a institucionalização de nova sede de Concelho em Azambujeira, elevada que fora à categoria de Vila pouco tempo antes. Nos duzentos anos seguintes a aldeia e freguesia de Rio Maior, deixando de fazer parte do Termo de Santarém, passa a pertencer à nova circunscrição municipal.