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CASA DAS TORRES - FACHA, PONTE DE LIMA
Situada no seio da freguesia da Facha, nos arredores de Ponte de Lima, a Casa das Torres testemunha um belo exemplar da arquitectura de estilo barroco. A história da casa prende-se com as aventuras do "brasileiro" André Pereira da Silva. Em 1770, a casa é vendida em hasta pública a Duarte Rite de Figueiredo, dele descendendo a família da casa.
A propriedade que se eleva sobre uma encosta do vale do Lima, integra pomares férteis e o famoso vinho Verde branco Loureiro, produzido na quinta. Dispõe de três quartos e dois apartamentos. A decoração elegante e confortável, sala de jogos e bar proporcionam uma estadia e um serviço de qualidade. No exterior, os belos jardins com piscina, proporcionam um convite para partir à descoberta de civilizações antigas da Ribeira-Lima.
Lugar de Arribão - Facha
Surgindo de repente com o desenrolar de uma curva, no lugar de Arribão, ergue-se, magnífica e com porte altivo, a Casa das Torres. Trata-se de um excelente exemplar da arquitectura nobre do século XVIII, que ganha forma num palacete que domina uma paisagem soberba, nos arredores de Ponte de Lima.
A história da casa funde-se com a do "brasileiro" André Pereira da Silva que a mandou construir em meados do século XVIII. A 18 de Dezembro de 1751, André da Silva faz uma escritura de contrato e obrigação com o mestre pedreiro Pedro Gonçalves de Carvalho, para a construção da Casa das Torres, na sua quinta do lugar de Arribão. A 16 de Julho de 1754, faz nova escritura de contrato com o mesmo mestre pedreiro para acrescentar mais uma cozinha, uma sala, loja, varanda, escada e pôr água, num total de dois contos.
Mas, após atribuladas aventuras no Brasil e devido a problemas de partilhas, a casa vai à praça em 1770. Comprou-a em hasta pública Duarte Rite de Figueiredo, dele descendendo o actual dono, Manuel Novais Correia Malheiro.
Hoje continua a ser notável o trabalho em pedra, de estilo barroco, nas janelas da casa e no pátio da entrada, com uma varanda e escada em pedra. Da propriedade que se eleva sobre uma encosta do vale do Lima, a vista é deslumbrante, os pomares são férteis e o famoso vinho verde branco Loureiro, produzido na propriedade, é mais um motivo de visita.
Três quartos no piso térreo do solar e um apartamento em dependência anexa constituem o espaço dedicado ao Turismo de Habitação. A decoração é de bom gosto e confortável, em harmonia com o resto da casa. Os hóspedes dispõem ainda de uma sala de jogos, com bilhar, e de um bar. No exterior, uma piscina e os jardins sobre o vale compõem o enquadramento deste palacete encantador.
In Solares de Portugal A arte de bem receber , Edições INAPA, 2007
HISTORIAL
A Casa das Torres foi construída pelo "brasileiro" André Pereira da Silva em meados do séc. XVIII. Este era filho do capitão Miguel da Silva Pereira e D. Antónia de Melo e Sampaio, da Quinta de Arribão, baptizado a 11 de Dezembro de 1703, tendo como padrinho Pedro da Cunha Sotomaior e madrinha a sua esposa D. Marta, neto paterno de António Pereira, da freguesia da Correlhã, e Isabel da Silva, de Alapela, Monção e materno de Gaspar de Melo Neto e Sampaio, da freguesia de Castanheira, Paredes de Coura, e Ângela Araújo.
Embora não saibamos quando André Pereira da Silva emigrou para o Brasil, sabe-se que em finais de 1750 estava de volta à Facha, realizando, a partir daí, inúmeras compras de terrenos, dando assim a impressão de ser homem de dinheiro.
Um ano depois, a 18 de Dezembro de 1751, faz uma escritura de contrato e obrigação com o mestre pedreiro Pedro Gonçalves de Carvalho, do lugar de Pedregal, freguesia de Poiares, para a construção da Casa das Torres, na sua quinta do Lugar de Arribão, pela quantia de um conto e quatrocentos e cinquenta mil reis, no prazo de dois anos. A 16 de Julho de 1754, faz nova escritura de contrato com o mesmo mestre pedreiro para acrescentar mais uma cozinha, uma sala, loja, varanda, escada e pôr água, tudo por quinhentos e cinquenta mil reis (perfazendo um total de dois contos).
Em 15 de Janeiro de 1753, André P. da Silva casa com D. Josefa Quitéria Barbosa de Miranda, filha do capitão Miguel Barbosa Pedra, já falecido, e D. Antónia Teresa de Miranda, da Casa da Portela desta freguesia, vindo a esposa a falecer, em 19 de Dezembro desse mesmo ano, triste desenlace que, sem dúvida, terá representado para ele grande revés na sua vida. A partir daí, a sua sogra, como legítima herdeira da filha que falecera sem descendência (e, quem sabe, talvez de parto, como então acontecia com frequência), vai habilitar-se a metade dos bens.
Em finais de 1755, André P. Silva aparece-nos de novo no Brasil a declarar grandes dívidas contraídas: vinte mil cruzados a Luís da Câmara Malafaia, residente na comarca de Goases, Brasil, seis mil e quinhentos cruzados que havia tomado a juros no Porto para continuar as obras da casa e dá ordens aos seus procuradores para venderem os seus prédios rústicos, deixando para o final a casa. Custa-nos a crer que ele se tivesse abalançado a tão grandiosa empresa apenas com dinheiro emprestado. Não terá havido aqui um truque para se furtar à partilha de seus bens com a sogra? Não o sabemos. Mas o que é certo é que os bens que havia comprado, e eram muitos, a partir daí, começam a ser vendidos e, apesar da recomendação por ele feita de que a casa ficasse para último, certamente na esperança de salvar o que terá sido o seu maior sonho e glória, o tão lindo palacete, não o conseguiu, pois este, juntamente com a quinta, foi à praça no dia 6 de Fevereiro de 1770. Comprou-o em hasta pública, Duarte Rite de Figueiredo casado com a sobrinha neta. D. Maria Teresa de Melo Barreto, neta do irmão Mateus Rite, barbaramente assassinado, na Quinta do Sobreiro, em 1709, por dois cunhados.
Estes Rites, grandes comerciantes de bacalhau em Viana, eram vários irmãos e descendiam de António Rite, seu avô, que da Inglaterra viera no séc. XVII. Seu pai, António Rite Júnior, construiu e vinculou a capela da Senhora do Rosário na referida Quinta do Sobreiro.
Do casamento de Duarte Rite com a sobrinha houve vários filhos, mas apenas um teve descendência: Pedro José Rite que foi casado com D. Teresa Angélica Leite, filha do capitão António Bernardino Leite e D. Maria Josefa de Abreu, de Durrães. Com este casamento estabeleceu a ligação da Casa das Torres à família Abreu Leite. Herdaram a casa e quinta os dois filhos, D. Maria Joaquina de Melo Barreto e Francisco Joaquim de Melo Barreto. Ela foi casada com Manuel José Viana que faleceu nove anos depois do casamentom deixando 5 filhos. Destes, 3 emigraram para o Brasil e os outros morreram solteiros.
Francisco de Melo Barreto, depois da morte da irmã, ficou senhor de toda a Casa das Torres que deixou a uma filha natural, D. Júlia Clementina Pereira de Melo Barreto que casou com 40 anos, em 1790, com António Zeferino de Abreu Couto Amorim Novais, da Casa de S. Bento, em Balugães. Estes não tiveram descendência, passando o solar das Torres para a sobrinha e afilhada, D. Júlia Clementina Leite Gomes de Abreu Novais, filha do Dr. João de Abreu Couto Amorim Novais e D. Rosa Bárbara de Amorim Novais Leite, ele irmão do referido António Zeferino e ela de Durrães, que veio a casar com o Dr. Eduardo Augusto Correia Malheiro Pereira Peixoto, da Casa de Barreiros, Correlhã, já falecidos e pais do actual dono da Casa das Torres, Engº Manuel Novais Correia Malheiro, casado com Dra. D. Margarida Maria Palhares Ribeiro Bacelar.