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CASA DA LAGE - SÃO PEDRO D'ARCOS, PONTE DE LIMA
Esta belíssima casa senhorial minhota dos finais do século XVII está situada dentro de uma extensa propriedade agrícola.
É certo que a Casa da Lage oferece condições excelentes de acomodação, no ambiente característico de uma casa nobre portuguesa, a que se juntam as comodidades de um turismo de qualidade.
A decoração requintada e muito cómoda, a qualidade de restauro, a capela, e a fantástica piscina interior aquecida, com paredes em vidro que deixam ver a paisagem exterior, demonstram o cuidado com que tudo foi pensado.
A casa tem dez quartos distribuídos por dois edifícios, com amplas salas, sendo uma delas um simpático salão de jogos com mesa de bilhar.
Na quinta envolvente, os hóspedes podem dar belos passeios a pé e, na altura própria, assistir ou participar nas vindimas.
Lugar de Lage - São Pedro d'Arcos
Localizada na freguesia de São Pedro d'Arcos, nas faldas da Serra de Arga, junto ao Parque Biológico das Lagoas de Bertiandos e São Pedro d'Arcos, com a Ecovia e a praia fluvial do rio Lima ali ao lado, a dois passos da vila de Ponte de Lima, com as sua festas e monumentos, a Casa da Lage beneficia de uma envolvente paradisíaca, num ambiente de total comunhão com a natureza.
Na Casa da Lage, o conforto, a afabilidade e o requinte são sinónimos do valor histórico, etnográfico e cultural que representa, o que justifica o número de ilustres visitantes que se hospedaram nesta casa.
In Solares de Portugal A arte de bem receber , Edições INAPA, 2007
HISTORIAL
Levantada na posição norte-sul, a Casa da Lage é o clássico modelo minhoto da casa fidalga dos finais do séc. XVII, com a particularidade, pouco comum, de, tanto a sua frontaria principal como a posterior, serem ambas dignas de reparo.
Assim descreve Lambert Pereira da Silva, a Casa da Lage, na sua obra Nobres Casas de Portugal:
«Situa-se a referida casa, dentro de uma extensa propriedade agrícola que, outrora, para além de uma parte constituída por bens livres dízimos a Deus, era formada por dois grandes prazos:
O Prazo Velho da Lage, ou Prazo de S. João D Arga, pois era primitivamente foreiro àquele convento, a quem o enfiteuta pagava, de foro anual, 1.200 reis e um cabrito, era perpétuo e de livre nomeação. Foi instituído em 1468 e posteriormente renovado (5 de Setembro de 1551) a favor de António Machado de Brito, filho de Vasco Anes de Brito e de s.m. D. Guiomar Machado (filha, ou neta, de Pedro Machado, 1º senhor de Entre Homem e Cávado). António Machado de Brito foi Fidalgo da Casa Real e acompanhou El-Rei D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir. Casou com D. Leonesa de Carvalho, filha de Pedro Anes, Dom Abade do Mosteiro de S. João D'Arga por indicação do Marquês de Vila Real, de quem era amigo pessoal, e a quem acompanhou quando foi a Badajoz receber a princesa D. Joana, mãe de El-Rei D. Sebastião (Felgueiras Gaio, título de Costas, pág. 217). Na referida renovação, confirmada por bula papal, pode ler-se:
...e que elle/Senhor Abade por/ muitos e justos respeitos, e / grandes Benfeitorias, que / havia na dita Quinta, e / feitas por seu Pai e Avos / delle António Machado, / e vir à sua geração mui / antigamente e ellle Senhor / Pedro Annes Dom Abbade, / lhe aprazia como de facto / aprouve de conceder, como / de facto concedia, e dava / por título de Prazo ao / dito António Machado e sua mulher Leoneza / Carvalha filha delle / Senhor Dom Abbade...
Extinto o Convento de S. João D Arga, passou o senhorio directo dos seus bens para a casa do Marquês de Vila Real, seu padroeiro, após tentativa de regicídio para a Casa do Infantado e posteriormente para a Fazenda Nacional.
O Prazo da Igreja, foreiro à Igreja Paroquial, a quem o enfiteuta reconhecia anualmente com o foro de oitocentos reis, em dinheiro. Era de livre nomeação e foi comprado a 29 de Abril de 1772 por Manuel de Sousa Machado Constantino de Sousa Antas de Magalhães e s.m. D. Joana Luísa de Antas Ortega (F.G. tt.º Antas, # 61, nº 15), pela importância de dois mil e quinhentos cruzados.
Posteriormente, os foros destes, e de outros prazos, ligados à Casa foram remidos pelo enfiteuta Rafael Pinto de Almeida e Meneses. »
A casa, com a configuração actual, é fruto de construções sucessivas, a prtir de um núcleo primitivo erigido na parte dízima a Deus e que, segundo a tradição Familiar, remota ao reinado de D. Sancho I, muito embora o 1º Senhor conhecido, e já mencionado, Vasco Annes de Brito, tenha vivido na primeira metade do séc. XVI. A parte da casa arquitectonicamente mais rica e a que Lambert Pereira da Silva se refere, atribuindo-a aos finais do século XVII, é fruto do esforço de três gerações, num espaço que vai aproximadamente de 1650 a 1750.
Jerónimo de Sousa Machado que foi o 1º Administrador do vínculo da Casa da Lage, Fidalgo da Casa Real e Padroeiro in solidum da Igreja Paroquial de S. Pedro D Arcos, onde jaz sepultado, ampliou o referido núcleo primitivo e acrescentou-lhe uma torre (ainda hoje designada por torre velha). Edificou a capela da casa, da invocação de N.ª Sr.ª da Apresentação, cuja primitiva licença foi dada a 25 de Agosto de 1674. Casou pela 3ª vez (não tendo descendência dos primeiros matrimónios) com D. Joana de Távora, filha de Simão de Távora, Fidalgo da Casa Real, Mestre de campo na Guerra de Restauração, Comendador de Santo Apolinário de Vila Verde e de sua mulher D. Gerónima de Almeida. Tiveram, entre outros filhos:
Manuel de Sousa Machado, nascido e falecido na Casa da Lage, respectivamente a 27/11/1671 e 24/12/1728. Por morte de seu pai, ocorrida a 30/09/1685, foi o 2º administrador da referida casa, padroeiro da Igreja Paroquial, Fidalgo da Casa Real e Capitão de Infantaria no Alentejo. Foi o grande impulsionador das obras iniciadas por seu pai, a ele se devendo não só a construção da torre nova, como a quase totalidade do edifício situado entre as duas torres. Obras essas que, no formal do seu filho, são calculadas em 2.500.000 reis. A ele se devem também os bonitos tectos, artesoados em talha, dos salões da casa. Casou pela 3ª vez (não tendo descendência dos primeiros matrimónios) com D. Francisca Manuela Sarmento Sotomaior e Figueiroa, filha de D. Diogo Sarmento de Sotomaior, Sr. das Casas de Parada e Val de Achas, na Galiza, e de s.m. D. Maria Josefa do Prado Figueiroa. Tiveram, entre outros filhos:
António Diogo de Sousa Machado, nascido e falecido na Casa da Lage, respectivamente a 17/04/1723 e 11/04/1791. Foi o 3º administrador da casa, Padroeiro da Igreja Paroquial e Fidalgo da Casa Real, como seus antepassados. Ampliou a capela construída por seu avô colocando-a encostada à casa, permitindo assim a passagem para o coro, e alterou a invocação para N.ª Sr.ª da Conceição. Com ele, a casa da Lage tomou a configuração que se lhe conheceu até 1950.
O brasão de armas, obra exuberante de talha barroca, que encima o tecto do Salão D'Armas (esquartelado de Sousas, Machados, Carvalhos e Meneses) tem a sua justificação genealógica com o casamento de D. Guiomar Machado, filha de António Machado de Brito e de s.m. D. Leoneza de Carvalho (a quem foi renovado o Prazo da Lage), com António de Sousa Meneses, filho ilegítimo de Damião de Sousa, Sr. da Casa de Penteeiros (mais tarde ligada à Casa de Bertiandos).
A 08/12/1775, D. Guiomar Luísa de Sousa Machado, 6 ª administradora do vínculo da casa da Lage, casou com Belchior Pinto Barbosa de Almeida e Alexandria, Senhor da Casa de Barrosa, em Vila Franca, (tiveram, entre outros, a Rafael Pinto de Almeida e Meneses, a quem já me referi por ter consolidado os domínios às casas da Lage e da Barrosa, por carta de remissão de foro paga à Fazenda Nacional) ficando assim ligadas as duas casas.
No último quartel do século XIX, por falta de geração legítima deste ramo da Família Sousa Machado, passaram estas casas e respectivos bens, para a Família do Visconde da Barrosa, José Ribeiro Lima da Costa Azevedo, Senhor da Casa de Vila Meã em S. Martinho de Vila Frescaínha, do concelho de Barcelos, solar da Família Costa Azevedo, onde nasceu a 08/07/1851. Era pessoa com influência política na região e foi agraciado por El-Rei D. Carlos, a 10/09/1925, e são dele as armas que se encontram no portão nobre da Casa. Embora não seja essa a versão oficial dos registos paroquiais, empregadas muito antigas da casa diziam que a posse desta continuava ligada à sua família original, pois os pruridos da época tinham levado a encobrir uma relação amorosa infeliz.
A Casa da Lage é hoje propriedade dos herdeiros de seu neto, o Engº Téc. Agrícola José Adolfo da Costa Azevedo, falecido nesta casa a 10/11/1984, que muito se preocupou com o seu restauro (a casa encontrava-se abandonada há várias gerações, pois a família habitava a Casa da Barrosa) e lhe fez algumas obras de beneficiação, nomeadamente a demolição de um acrescento de mau gosto, encostado ao corpo lateral esquerdo da fachada posterior, aumentando e embelezando assim a referida fachada. Devido a esta demolição, e por uma questão de simetria, também a localização da capela teve de ser mudada, havendo o máximo cuidado em que nada da sua estrutura fosse alterado. O facto foi aproveitado para executar, no chão, sepulturas que a capela, inicialmente, não dispunha. Estas obras foram terminadas, em Julho de 1986, por seu filho, o Engº José Adolfo Coelho da Costa Azevedo, tendo-se reiniciado o culto com o baptismo de sua filha Maria a 13 de Setembro do mesmo ano. A cerimónia foi presidida pelo Senhor D. Carlos Martins Pinheiro, Bispo Titular de Dume e Auxiliar de Braga. Por desejo expresso em vida e após obtenção da necessária licença por portadoria do Senho Ministro da Administração Interna, Engº Eurico de Melo, de 20/03/1986, publicado no Diário da República II série, nº 75, de 01/04/1986, foram os restos mortais de José Adolfo da Costa Azevedo trasladados para a Capela da Casa da Lage, no dia 28/09/1986.
Após aprovação pela Direcção Geral de Turismo do respectivo projecto e concedido o incentivo atribuído pelo Fundo de Turismo iniciaram-se, em Janeiro de 1997, as obras de restauro e adaptação da Casa da Lage e da sua tulha, para uma unidade de Turismo de Habitação, tendo as referidas obras terminado em Maio de 2000.